27.7.08

Diretiva da Vergonha: a Europa se en-direita

Há liberdade de movimento o bastante para transplantar empresas para os grotões do capitalismo, mas não para permitir o livre fluxo de trabalhadores. Segundo as chamadas "leis de mercado", que a Direita tanto defende, nada deve impedir que as relações econômicas se dêem segundo a oferta e a procura. Os pobres, como os ricos, devem e vir ao sabor das flutuações de mercado. Pelo menos é isso que reza a cartilha "liberal".

A reação da UE à presença dos imigrantes (atraídos para esses países como as empresas são atraídas para os Tigres Asiáticos, por exemplo) mostra o paradoxo no cerne do affair capitalismo+conservadores. Ao contrário do que pensa o Olavo de Carvalho, a desregulamentação da economia (o chamado "livro mercado") não favorece a defesa das tradições (e da hierarquia vigente), mas as ameaça severamente se levada ao auge. Por isso, não aplicam suas próprias leis, não seguem seus próprios códigos.

Hipocrisia crônica é a única solução para os ricos. Fingir que há oportunidades para todos, mas castrar as esperanças sem extinguir a crença no "sistema". Nojento, sim. Mas razoavelmente eficaz.

Qual o papel da esquerda diante de um quadro desse? Revelar o que eles tanto tentam esconder: o absurdo intrínseco que sustenta as relações comerciais sob o signo do "livre comércio". Sustentar os direitos primordiais dessas pessoas, ante as pressões desumanizantes das elites reacionárias.

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